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Se acha que o "Acordo Ortográfico" é um disparate e quer manifestar o seu desagrado pode seguir o endereço

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7 SETEMBRO 2015

David Pope

Neelabh Banerjee

7 JANEIRO 2015

A PROCISSÃO

OS CONTOS DO DOUTOR VIRIATO

A procissão era uma antiga tradição da vila. Decoravam-se as sacadas e as janelas com ricas colchas e os andores saíam à rua decorados com alfazema, rosmaninho e flores campestres. Saíam anunciados pelas duas bandas filarmónicas da vila que competiam entre si mais pelo barulho que pela harmonia. Mas o que mais encantava os crentes eram os anjinhos. Bandos de crianças da escola vestidas de anjinhos com asinhas brancas ladeavam os andores. Os vestidinhos, todos brancos e com bordados, eram muito antigos e precisavam de muitos cuidados. Três senhoras da paróquia todos os anos os lavavam, engomavam e remendavam, porque os anjinhos eram uns diabretes. Estas senhoras eram a Bórinha (de Maria da Boa Hora), a Çanita (do diminutivo Conceiçanita) e a Lurdinhas. Chamavam-lhes, com ironia, “as Três Graças” porque não tinham graça nenhuma.

 

Ora conta a história que um dia o senhor prior, dado o estado puído dos vestidos dos anjinhos, decidiu pedir às educadoras da escola para fazerem outros, mais modernos e adequados ao nosso tempo. As educadoras aplicaram todos os seus conhecimentos da pedagogia e da costura e fizeram, com os diabretes, novos e variados vestidos para a procissão. Eram de todas as cores: amarelo limão, azul eléctrico, vermelho rubi, verde tropa e até, pasme-se, preto. E feitios: curtos, compridos, redondos, quadrados, clássicos e egípcios.

 

As Três Graças, que ficaram sem nada que fazer, foram à escola ver as provas dos vestidinhos e não acharam graça nenhuma. “O debrum está todo torto!” dizia a Bórinha, “Muito mal cortado este godê!” dizia a Çanita, “É um escândalo!” dizia a Lurdinhas que não percebia nada de costura. “É tudo muito feio!” dizia a Bórinha, “Horrível!” dizia a Çanita, “É uma vergonha!” dizia a Lurdinhas que era a mais excitada. Como as educadoras não ligaram nenhuma as Três Graças foram falar com o senhor prior.  A Bórinha zurziu as costuras, a Çanita arrasou os alinhavos e a Lurdinhas, que não percebia nada de costura, difamou as educadoras. O senhor prior não gostou nada do que ouviu e perorou, que é assim que os priores falam, sobre a inveja, a calúnia, a mentira e o pecado. “Só pensámos no bem dos anjinhos!” disseram logo, assustadas, a Bórinha, e a Çanita.  De imediato, a Lurdinhas, que não percebia nada de costura, gritou “Pois eu até lhe digo que com aqueles vestidos até vi o sexo dos anjinhos!”. O senhor prior que, em muitos anos de seminário e muitos dias de oração, nunca tinha visto o sexo dos anjos, pensou por uns momentos e disse às Três Graças que iria investigar o assunto pois tal descoberta agradaria com certeza à hierarquia e aos crentes.

 

Não se sabe qual o resultado da investigação nem qual o sexo dos anjos. Apenas se sabe que naquele ano, e nos seguintes, não houve procissão na vila.

 

DOUTOR VIRIATO

Doutor

 

22 OUTUBRO 2014

A ARTE DA DESCULPA E A DESCULPA NA ARTE

Está a ser notícia o pedido de desculpa do senhor ministro da Educação e Ciência. Não pela originalidade, a senhora ministra da Justiça pediu o mesmo pouco antes, mas pela forma convicta e enternecedora como o fez. Dizem alguns, maldosamente, que teve uma semana para treinar. 

A etc., cumprindo o seu objectivo de divulgar as artes, procurou nos seus arquivos e encontrou alguns pedidos de desculpa imortalizados por artistas de várias épocas. 

A EXPULSÃO DE ADÃO E EVA

Domenichino (1581-1641)

A JUSTIÇA E A IRA DIVINA PERSEGUINDO O CRIME

Pierre Paul Proud'hon (1758–1823). 

CRISTO E A PECADORA (1873) Henryk Hektor Siemiradzki (1843–1902).

23 SETEMBRO 2014

BACK TO SCHOOL, BACK TO BASICS

O ano escolar começou com os ruídos habituais: anúncios triunfalistas de objectivos cumpridos e declarações emotivas de tranquilidade por um lado e espanto, confusão e desespero por outro. O ruído ecoará por uns tempos e depois, como sempre, o urgente quotidiano ocupará o espaço da reflexão necessária para as soluções dos verdadeiros problemas estruturais do sistema educativo.

A etc. quer ser um local de reflexão sobre a escola, as artes e a vida dos professores e alunos. Usaremos este site para ir dando notícias dos nossos sobressaltos e, lá para o meio do ano lectivo, editaremos uma revista em papel com material seleccionado e mais desenvolvido. Temos algumas ideias. Também temos convicções mas a primeira delas é a de que as nossas ideias só podem melhorar com o contributo das vossas, principalmente das que se lhes opõem.

Para começarmos a pensar no que verdadeiramente interessa sugerimos o visionamento de Changing Education From the Ground Up, uma notável palestra de Sir Ken Robinson para a RSA - Royal Society for the encouragement of Arts, Manufactures and Commerce (http://www.thersa.org/ ). Pode ver a palestra aqui , numa versão mais curta e desenhada ou aqui , na versão integral. Também a pode ver aqui  no imprescindível site do TED.

 

15 SETEMBRO 2014

A etc. adere à última tendência do MEC

OS EXAMES DE VERÃO

É verdade! O espírito da época contagiou-nos. A redacção da etc. (tudo professores/vigilantes) resol-veu intervir de forma proactiva nos exames. Vamos realizar um exame para candidatos a colaboradores da nossa revista.

Fazemo-lo por três importantes razões: a primeira é porque queremos; a segunda é porque podemos e a terceira porque sim. Queremos fazer uma Prova de Avaliação do Raciocínio, Valores e Aptidões (P.A.R.V.A.), porque, seja-mos honestos, temos sérias dúvidas acerca da sanidade mental dos professores. Podemos fazê-la porque, seguindo os sábios ensinamentos do IAVE, I.P., utilizámos o modelo da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (P.A.C.C.). A P.A.R.V.A. não é igual à P.A.C.C. mas é parecida. O porque sim é só para realçar a nossa determinação em fazermos isto.

A exemplo do iluminado instituto também divulgamos uma prova tipo. Esta permitirá aos candidatos a colaboradores da etc. aferirem das suas hipóteses de ingressarem nesta prestigiada publicação.

Embora o IAVE, I.P., seja o farol que orienta as nossas acções, na questão da equidade somos intransigentes. Assim a P.A.R.V.A., ao contrário da P.A.C.C., será realizada em meados de Agosto de forma a garantir que todos os candidatos estão de férias. Só faremos a componente comum porque não sabemos o que poderá ser a específica e desconfiamos que o bendito instituto também não sabe. Também no pagamento divergimos da P.A.C.C.: não exigimos vinte euros, nem dez, nem cinco nem nada, pelo contrário, damos prémios às melhores respostas.

Em breve publicaremos a prova tipo, da qual pode ver o rosto, ao lado. Fique atento.

 

21 JULHO 2014

revista etc
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